Observa-se cada vez mais a intensificação da
degradação moral do ser humano. Essa degeneração dos valores reflete
diretamente nas relações sociais. Em visitação a todos os lugares de
convivência humana, nota-se a presença exacerbada do individualismo e do egocentrismo,
com a mira apontada para o auferimento de vantagem, a todo custo e a qualquer
tanto.
Com a perda do respeito à pessoa humana, desde os
menores atos, perde-se toda a sociedade, que se debate em meio à violência,
corrupção e os mais variados desvios éticos, prevalecendo a mentira, a
dissimulação, a avareza, a indiferença e a insensibilidade. É o que se vê hoje
em dia, essa é a verdade e a realidade, sem eira nem beira!
Se há vantagem para o bolso, ou para ser atendido
na frente do outro, ou para beneficiar o amigo ou o grupo ao qual se pertence,
pode-se tudo, permite-se tudo, dá-se um jeito em tudo.
Assim os grupos e as preferências se formam, depois
de um individualismo adoecido, contaminado pela falta de aceitação do que é
diferente, o que, em outros termos, chama-se desamor, que, por sua vez,
deflagra a segregação, a falta de fraternidade, a violência travestida e
manifestada de múltiplas formas. Então, o ciclo se fecha, os fatos se repetem,
os anos passam e a vida continua.
Certa vez, Rui Barbosa, o autor da Oração aos
Moços, vaticinou: “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a
desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os
poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da
honra, a ter vergonha de ser honesto”.
Cora Coralina, por sua vez, no poema intitulado Aos
Moços, sentenciou: “Creio numa força imanente que vai ligando a família humana
numa corrente luminosa da fraternidade universal. Creio na solidariedade
humana. Creio na superação dos erros e angústias do presente. Acredito nos
moços. Exalto sua confiança, generosidade e idealismo. Creio nos milagres da
ciência e na descoberta de uma profilaxia futura dos erros e violências do
presente. Aprendi que mais vale lutar do que recolher dinheiro fácil. Antes
acreditar do que duvidar”.
Há quem acredita, afinal, que tudo isso ainda tem
jeito. Resta acreditar também, e esperar o futuro. Afinal das(de) contas, é
preciso dar um jeito!
Frederico Luis Domingues Bitencourt
(12/01/2016) é advogado.